sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

intermission



Chegamos num ponto em que os intervalos entre as páginas terão de ser um pouco maiores, porque alcançamos o ponto de publicação n'A Voz da Serra (que cessou de publicar a hq, desde que encerrei minha participação lá pela redação do jornal). Por isso, segue uma página em seus estágios iniciais, com a arte do Antonio e parte do roteiro da hq referente a mesma.
Continuem nos acompanhando.

Pássaros artificiais
Página 5 (28/5) / 3 linhas

Painel 1:
Cristina e Tadito mexendo nas coisas de Antonio Izabel. O quarto tem folhas, livros, discos, revistas e pedaços de papel espalhados por todos os lados.
Cristina está em segundo plano, agachada próxima a porta – uma porta que dá para um corredor escuro, com mais pilhas e pilhas de papel pelo caminho. Tadito se encontra em primeiro plano, levantando uma pequena pilha de papéis que se encontra sobre uma pilha de discos. Há um envelope ali.

Cristina:
Não venho aqui desde que saí de casa, uns anos atrás.

Cristina (mesmo balão):
Meu avô tinha lançado aquele livro “Just let the baby die (in your head)”.

Cristina:
Minha mãe tinha acabado de perder um bebê.

Painel 2:
Flash back. Vemos a coisa por baixo, como que dos/pelos olhos de uma criança (no caso, os olhos de Cristina). A imagem é deformada – a mãe de Cristina e seu avô, Antonio Izabel. A visão dos dois é uma lembrança distorcida, onde eles berram um com o outro, incompletos, odiando-se (sei que você saberá o que quero dizer).

Quadro de texto:
“Ela achou que foi muita crueldade da parte dele.”

Painel 3:
Cristina segurando uma cópia de “Quando Teresa brigou com Deus” de Alejandro Jodorowsky. Tadito se aproxima dela com o envelope nas mãos.

Cristina:
Pra mim, ele nem sabia que ela estava grávida, antes.

Tadito:
Aqui.

Painel 4:
Cristina colocando o livro sobre a mesa, enquanto pega o envelope das mãos de Tadito.

Tadito:
Isto é seu.

Painel 5:
Cristina tirando três folhas de dentro do envelope.


Cristina:
É o...?

Tadito:
Testamento dele. Pode-se dizer que sim. Ao menos, interpretei dessa forma. É o mais próximo de um presente que seu avô conseguiria deixar.

Painel 6:
Cristina lendo o papel.
Tadito está se sentando sobre uma mesa (seu ombro esbarra num monte de folhas que cede para o lado, caindo no chão).

Cristina:
“Para os meus...”

Tadito:
É como ele falava de vocês.

Agora se segue uma seqüência de painéis onde Tadito se movimenta tentando pegar as folhas, enquanto fala (a próxima linha de diálogo de Tadito será dividida entre os painéis que você achar necessário para fazer essa seqüência).
O caso é que no final, Tadito estará de quatro, no chão, com as folhas espalhadas ao seu redor.

Tadito:
Ele chamava a família dele dessa forma.
Os amigos ele chamava de “Os Nossos”.
Daí, quando li, sabia que era pra vocês.
É o testamento dele pra vocês.

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