quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A arte como fenômeno mágico



“A visualização por múltiplas telas aparentemente foi antecipada pela técnica de cortes (cut-up) de William Burroughs. Ele sugeria rearranjar palavras e imagens para escapar à análise racional, permitindo a evasão subliminar de laivos do futuro. Um iminente mundo de estranhezas vislumbrado de relance.”

Alan Moore, Watchmen 11

Digo sem muitos pudores que este gibi, assim, violento como é, foi responsável, senão por me salvar a vida, ao menos por colocá-la em perspectiva. Não só porque tem sido algo que me assombrou por bem mais que um ano, mas também, quando finalmente foi escarrado na direção de se tornar ato realizado, Pássaros Artificiais acabou se tornando, apesar de todos os meus receios, aquilo que ele era originalmente feito para ser.

Como toda história, esta aqui se propõe a expor tudo quanto é horror, vomitar sobre o tapete e cuspir na tela da tv, enquanto se alivia das dores, cria uma nova realidade e, com um tiquinho de esperança, procura jogar o público leitor nesta mesma viagem que; atenção, sempre!, não deve ser lida em linha reta. Talvez, se toparem o desafio, nem mesmo devam ser completamente entendidos.

O que sei é que, só agora, tempos depois de escrito, impresso e, finalmente, sendo levado a público de uma forma que me pareça adequada às suas ambições, Pássaros Artificiais se materializa para mim como um objeto real, que vai além do intrincado código de sinais que tracei, e se joga em alguma espécie de adequação narrativa que pode contar com um público interessado em julgar seus méritos e falhas artísticos.

Bah!, isto é de uma época em que só havia dor. Agora, creio que posso escrever com algum amor

Um comentário:

  1. "Bah!, isto é de uma época em que só havia dor."

    Respondo suas palavras com palavras suas:

    "Há sempre mais de um ponto de vista."

    Pense o que quiser!!!

    Alas!

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